quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Identidade Descomplexa

Hoje acordei bêbado, mas não de álcool.
Estou bêbado da morfina que me fazem usar todos os dias para aguentar o cotidiano.
Vesti as máscaras, as capas, as cascas, as fachadas, toda a roupagem externa, que não diz quem eu sou.
Eu sou este que escreve, apenas.
Não sou o homem difícil, trabalhador, inteligente. Não sou forte ou fraco, bonito ou feio, amante ou assexuado.
Caminho por entre os carros esperando que você me encontre. Pelo meu GPS sigo o seu caminho, para ver se me encontro, mas você é quem me dá a morfina e eu adormeço, em via pública.
Sou levado pelos carros, estraçalhado pelos conceitos fajutos que esta sociedade hipócrita vive diariamente.
Querem que eu seja tudo, menos eu mesmo e cada coisa que fazem ser, acreditam que estou sendo original. Como ser original interpretando? Serei eu ator na minha própria vida?
Diante do meu espelho quebrado, dentro do meu banheiro escuro, quando a água cai, torno-me nu, choro e canto ao mesmo tempo, sobre quem eu não sou e sobre o que eu não entendo ainda.

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