quarta-feira, 22 de maio de 2013

Correndo pelas cores da memória

Te encontrei pela manhã, enquanto tomava meu café.
Lembrei da praia da Taíba e de como entendi que estava apaixonado.
As agitações no trânsito, enquanto voltava para casa, não me conseguiram tirar a minha atenção de você.

As ondas quebravam no muro da minha descrença e na areia escrevi teu nome.
Não importa como nossas vidas foram divididas.
Como o Mar Vermelho, depois da travessia as águas voltaram a se encontrar.

Não tenho esperanças de te ver de novo.
Não queremos nos ver de novo.

O que vivemos naquela praia ficará lá para sempre.
Como um tesouro pirata, o mapa de fuga está tatuado em nosso peito.

Caminho sozinho

Não segure minha mão, seu vão marginal.
Cansei de ouvir teus choros fingidos e tuas meias verdades.

Caminho sozinho, pois tua companhia me rouba de mim mesmo.

Estar só é doloroso, triste, depressivo...
Estar com você é bem pior, pois o colorido do mundo é banal.

Agora, ao menos, posso ver solidez nestes tons de cinzas.

Sete sacolas da Dior estão cheias

Sete sacolas da Dior estão cheias.
A menina que me entregou sujou-a com sangue, mas este não era seu:
Pertencia às consumistas que passaram por ali.

Sete sacolas da Dior estão cheias e eu nem posso carregá-las.
Meu segurança está mais interessado em sua família do que no salário de fome que eu lhe pago.

Sete sacolas da Dior estão cheias e só há cabeças dentro delas.
Pequenas e grandes, mas sempre cabeças. Sem sonhos, mas cabeças.
Sem vontade própria.

Sete sacolas da Dior estão cheias e caminho com dificuldade.
Se tivesse outra mão, teria mais sacolas.
Haveria mais sangue derramado e outras cabeças dentro delas.